O testamento de Paulo – II Tm 4

Este capítulo tem sido chamado o “testamento da vida de Paulo”. Este capítulo contém parte das últimas palavras proferidas ou escritas pelo apóstolo Paulo. Foram escritas a semanas, talvez não mais do que poucos dias antes do seu martírio. De acordo com antiga tradição fidedigna, Paulo foi decapitado na Via Ápia. Por trinta anos ininterruptos trabalhara como apóstolo e evangelista itinerante. Fez, o que ele mesmo escreve aqui: “combateu o bom combate, completou a carreira e guardou a fé” (vs 7). Agora, ele aspira por seu prêmio, “a coroa da justiça”, que já estava reservada no céu (vs 8).
Estas palavras constituem um valioso legado de Paulo à igreja. Elas estão impregnadas de uma atmosfera de grande solenidade. É impossível lê-las sem uma profunda emoção.
A primeira parte do capítulo toma a forma de uma comovente incumbência. “Conjuro-te, perante Deus”, assim começa. O verbo“diamartyromai” tem conotações legais e pode significar “testificar sob juramento” numa corte de justiça, ou “adjurar” uma testemunha a assim proceder. A exortação de Paulo é endereçada a seu filho na fé, Timóteo, que era seu representante em Éfeso. Todavia, é aplicada a cada homem chamado a um ministério evangelístico ou pastoral, ou mesmo a todos os cristãos.
A natureza da exortação (vs 2)
“Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina”
Deixando o versículo 1, por um momento, e passando ao versículo 2, encontramos a essência dessa exortação em três palavras: “prega a palavra”. Esta palavra foi proferida por alguém. Mas é a palavra, a palavra de Deus, que Deus mesmo proferiu.
Paulo não precisava especificar melhor o que ele queria dizer, já que Timóteo saberá de imediato que se trata do corpo de doutrina, que ouvira de Paulo, e que o mesmo Paulo lhe comissionou a passar adiante a outros. É idêntica ao “depósito” do capítulo 1, e neste quarto capítulo é equivalente à “sã doutrina” (vs 3), à “verdade” (vs 4) e a “fé” (vs 7). São as Escrituras do Velho Testamento, inspiradas por Deus e proveitosas, que Timóteo sabe desde a infância, junto com o ensino do apóstolo, que Timóteo “tem seguido”, “aprendido” e de que tem sido “inteirado” (II Tm 3.10-14).
Não temos nenhuma liberdade para inventar a nossa mensagem, mas somente comunicar “a palavra” proferida por Deus e agora entregue à igreja, em sagrada custódia. Timóteo deve “pregar” esta palavra; ele deve falar o que Deus falou. Sua responsabilidade não é somente ouvir essa palavra, crer nela e obedece-la, nem somente guardá-la de toda falsidade; nem somente sofrer por ela e permanecer nela; mas, sim, pregá-las a outros. Assim ele deve proclamá-la como um arauto em praça pública (kerysso, cf. keryx, “um arauto”).
Agora, Paulo prossegue mostrando quatro sinais que deverão caracterizar a proclamação a ser feita por Timóteo.
a) uma proclamação urgente
Agora, Paulo prossegue mostrando quatro sinais que deverão caracterizar a proclamação a ser feita por Timóteo.
a) uma proclamação urgente
O verbo ephistemi, “instar”, significa literalmente ‘assistir’, e assim“estar de prontidão”, “estar disponível”. Dando a seguinte idéia: “nunca perca o teu sentido de urgência”. Toda boa pregação transmite um sentido de urgência e de importância do que está sendo pregado. O arauto cristão sabe que está tratando de assunto de vida ou morte. Como poderia tratar de tais temas com fria indiferença? Será que estamos divertindo os bodes, ou alimentando as ovelhas, como disse Spurgeon.
Richard Baxter, ilustre pregador disse: “Você não conseguirá quebrantar o coração de ninguém com gracejos, nem contando histórias agradáveis ao ouvido, nem compondo um discurso pomposo. Ninguém abandonará as coisas de que mais gosta, mediante uma solicitação sem profundidade feita por alguém que parece não falar com convicção, ou que pouco se incomode se a sua solicitação é aceita ou não”.
b) uma proclamação contextual
O arauto que anuncia a Palavra deve corrigir, repreender e exortar. Isso sugere que há três diferentes maneiras de anunciar, pois que a Palavra de Deus é “útil” para uma variedade de ministérios, como Paulo já disse (II Tm 3.16). Neste texto de II Tm 3.16, Paulo diz que as Escrituras são úteis para o ensino (aquilo que é certo), para a repreensão (aquilo que é errado), para a correção (como fazer o que é certo) e para a educação na justiça (como permanecer no caminho certo). O pregador deve lembrar-se disso e ser hábil no uso da Palavra. Ele deve usar “argumentos, repreensão e apelo”, o que vem a ser quase uma classificação de três abordagens: a intelectual, a moral e a emocional.
Porque muitas pessoas acham-se atormentadas por dúvidas e precisam ser repreendidas; outras, ainda, são perseguidas pelas dúvidas e precisam ser encorajadas. A Palavra de Deus faz tudo isso e muito mais. É nosso dever aplicá-la contextualmente.
c) uma proclamação paciente
Mesmo devendo instar (esperando obter das pessoas rápidas decisões em resposta à Palavra), devemos ter “toda a longanimidade na espera por essa resposta”. Nunca devemos nos valer do uso de técnicas humanas de pressão ou tentar forçar uma “decisão”. A nossa responsabilidade é ser fiel na pregação da Palavra; os resultados da proclamação são de responsabilidade do Espírito Santo e, quanto a nós, só nos compete esperar pacientemente por sua obra. Portanto, mesmo sendo solene o nosso comissionamento, e urgente a nossa mensagem, não se justifica uma conduta rude ou impaciente.
d) uma proclamação inteligente
c) uma proclamação paciente
Mesmo devendo instar (esperando obter das pessoas rápidas decisões em resposta à Palavra), devemos ter “toda a longanimidade na espera por essa resposta”. Nunca devemos nos valer do uso de técnicas humanas de pressão ou tentar forçar uma “decisão”. A nossa responsabilidade é ser fiel na pregação da Palavra; os resultados da proclamação são de responsabilidade do Espírito Santo e, quanto a nós, só nos compete esperar pacientemente por sua obra. Portanto, mesmo sendo solene o nosso comissionamento, e urgente a nossa mensagem, não se justifica uma conduta rude ou impaciente.
d) uma proclamação inteligente
Não devemos pregar a palavra, mas também ensiná-la, ou melhor, pregá-la“com toda a doutrina” (keryxon... en pase... didache). O erudito C.H. Dodd tornou clara a distinção entre kerygma e didache, sendo a primeira a proclamação de Cristo aos descrentes, com um apelo ao arrependimento; e a segunda, a instrução ética aos convertidos. A distinção é prática e importante. Todavia, se a nossa proclamação pretende antes de tudo convencer, repreender ou exortar, ela deve ser um ministério de doutrina.
O ministério pastoral cristão é essencialmente um ministério de ensino, e é por isso que se exige dos candidatos uma fé verdadeira e aptidão para o ensino (Tt 1.9; I Tm 3.2). Esta é a instrução de Paulo a Timóteo. Ele deve pregar a Palavra anunciando a mensagem dada por Deus, mas deve fazê-lo com um sentido de urgência, deve aplicá-la ao contexto da situação presente, deve ser paciente em seu modo de ser e inteligente na sua exposição.
extraido do blog do
Pr Marcello de Oliveira
http://davarelohim.blogspot.com/2009/07/o-testamento-de-paulo-ii-tm-4.html
Um comentário:
ai muito bom esse estudo muito legal !!!!1
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